A matéria do jornal O TEMPO de 3 de junho na página 3 trouxe o seguinte título: “Câmara abre mês sem votação e dedica sessão a bate-boca”.

Causa estranheza o fato de os vereadores de Belo Horizonte estarem recebendo seus salários religiosamente em dia sem a contrapartida do serviço adequado de agente político, cujo papel principal é legislar, fiscalizar o Executivo municipal e representar os verdadeiros interesses dos belo-horizontinos.

Na iniciativa privada, se o empregado não quer trabalhar e não cumpre com seus deveres, ele é demitido. Na Câmara Municipal deveria ser da mesma forma, porquanto os salários são pagos pelos contribuintes, que esperam retorno por meio de trabalho sério e cotidiano em prol da coletividade.

Uma cidade do porte de Belo Horizonte, tão querida por todos nós, não pode esperar pelo bate-boca de vereadores em sessão diária quando os problemas se acumulam sem solução prática. Ora, o vereador é o porta-voz da população e tem a obrigação de receber os eleitores e ouvir sugestões, críticas e reivindicações. Ou seja, o vereador, além do indispensável decoro parlamentar, tem também o dever de zelar pelos cidadãos e pela cidade, em todos os sentidos legais da sua atribuição.

As picuinhas, as diferenças e os assuntos menores não podem interferir no exercício do mandato do vereador e muito menos relegar a segundo plano os interesses dos moradores da cidade. Há muito trabalho a ser feito. Não é issível cumprir quatro anos de legislatura digladiando no plenário ou fechado em gabinete.

A capital pede por socorro, e cabe ao edil andar pelo centro e pelos bairros; tomar conhecimento das mazelas e buscar soluções; visitar as comunidades e conhecer a realidade local; ouvir as demandas sociais e dialogar com as pessoas; e conversar com as entidades profissionais, com as associações de moradores e com o cidadão comum, demonstrando empenho e respeito pelo voto recebido.

BH não pode mais continuar como está. São graves as intercorrências de desleixo, abandono e caos. A limpeza, a assepsia e os cuidados com a cidade são providências para agora. E fazem-se necessárias medidas urgentes e eficazes quanto aos mais de 15 mil moradores de rua; para um basta no aumento da violência urbana; e para as demandas que não podem esperar e requerem atenção imediata.

São muitas as questões que carecem da interferência dos vereadores junto à prefeitura, que envolvem saneamento básico, meio ambiente, coleta de lixo, postos de saúde, iluminação pública, ruas esburacadas, praças malcuidadas, moradores de rua, trânsito caótico, mobilidade urbana precária, além dos graves casos de furtos e arrombamentos de lojas, cujos crimes, só em 2024 na capital, foram registrados em 9.028 ocorrências policiais.

Senhores vereadores, os belo-horizontinos querem uma cidade melhor para todos – limpa, iluminada, bonita, justa, inclusiva e humana. E isso não se consegue com bate-boca, mas com trabalho, responsabilidade e compromisso com o eleitor e com a cidade.