Apenas 14 escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte seguem sem impactos da greve dos professores e demais trabalhadores da educação. O balanço da Secretaria Municipal de Educação, divulgado nesta quarta-feira (11 de junho), mostra que, das 324 escolas municipais, 310 tiveram aulas paralisadas — o que representa 96% da rede —, sendo que 48 instituições estão totalmente fechadas. A categoria decidiu manter a greve em assembleia realizada nesta quarta, após avaliar a falta de avanços nas negociações da campanha salarial com o Executivo.

A paralisação é motivada, principalmente, pela rejeição ao reajuste salarial de 2,49% proposto pela prefeitura — percentual que, segundo os profissionais da educação, está abaixo da inflação e do Piso Nacional do Magistério. "Apesar da força da paralisação, a prefeitura sequer se dignou a agendar uma reunião de negociação com o sindicato. Em vez disso, enviou um ofício com um acréscimo à proposta anterior, mantendo o reajuste irrisório de 2,49%", diz trecho da nota publicada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), que representa a categoria.

Conforme o Sind-REDE, a mudança na oferta foi a extensão do vale-alimentação para os trabalhadores com jornada inferior a 40 horas semanais, que correspondem à maior parte dos professores da rede municipal. "No entanto, o benefício será pago de forma proporcional à carga horária", acrescentou o sindicato.

Os profissionais também reivindicam: a contratação imediata de professores — especialmente nas EMEIs —; a reestruturação da carreira; a redução do número de alunos por sala; a ampliação do tempo de planejamento; e a paridade nos reajustes para os aposentados. A greve continua até, pelo menos, a próxima assembleia da categoria, na terça-feira que vem (17 de junho). 

O que defende a Prefeitura de BH sobre a greve dos trabalhadores? 

Segundo a Prefeitura de BH (PBH), o índice de 2,49% recompõe toda a inflação acumulada entre janeiro e abril de 2025. O percentual não considera a inflação de 2024, o que é justificado com a alegação de que, no ano ado, foi concedido um reajuste de 8,04% — valor superior à inflação registrada no mesmo período (4,77%). “Assim, toda a inflação de 2024 já foi incorporada, e ainda houve ganho real”, argumenta a prefeitura.

O Executivo justifica ainda que o reajuste de 2,49% representa o limite orçamentário para despesas dessa natureza e garante "a sustentabilidade financeira do Município". O impacto anual do reajuste proposto com o aumento do vale-refeição para R$60 e outras demandas especificas seria de R$ 493 milhões, sendo R$ 156 milhões somente para a Educação.

"O índice de correção, conforme o INPC, será aplicado de forma retroativa a maio e contemplará tanto os servidores ativos, quanto os aposentados e pensionistas. A recomposição incidirá sobre os salários, vencimentos, gratificações, abonos e benefícios", afirmou a PBH.